Representar graficamente ideias de um novo produto não é fácil, seja ele qual for. Se você já está familiarizado com a forma deste produto ou já sabe como desenhá-lo, acredito que será bem mais fácil para que você desenvolva novas ideias e que as comunique graficamente bem. Mas se o produto não é algo comum do seu dia-a-dia ou você não está acostumado a representá-lo graficamente? Ainda assim é possível representá-lo e desenvolver algumas ideia através de pesquisa, estudo, prática, em suma: muito trabalho.
Vamos escolher um objeto e especificá-lo
Calçado. Porém calçado é gênero, sendo assim devemos especificá-lo ao máximo. Vamos partir do gênero para espécie: calçado>tênis>esportivo>basquetebol. Veja, de cara eu poderia ter escolhido "tênis" como nosso objeto, mesmo assim teria que especificar mais ainda, já que também há diferenças entre um modelo de passeio e um esportivo; assim ,da mesma forma, há diferenças entre tênis para basquetebol, vôlei, corrida.
1.PESQUISA
Este é o primeiro passo. Se quero desenhar e desenvolver tênis de basquete, logo devo pesquisar sobre tênis para basquete, e não tênis em geral. Não precisa ser uma pesquisa profunda, mas algo que possibilite saber sobre os elementos que os compõem, suas funções, proporções, detalhes.
ELEMENTOS. Por exemplo, no site solecollector há um bom material que explica sobre as partes dos tênis e as diferenciam conforme o modelo. Mesmo estando em inglês, marquei alguns trechos os quais julguei importante para representar bem graficamente este produto. Veja:
http://solecollector.com/Sneakers/News/Sneaker-Parts-and-Proportions/ KEY TERMS 1. LAST: The 'last' is a biomechanically engineered form which simulates the foot. Every shoe that is manufactured is built around a last. They tend not to look like a real foot due to the fact that material and foam allowances are built into the overall shape. Areas that will be getting a lot of foam (like in the heel area) are pretty narrow in shape to allow for the extra thicknesses. The industry standard measurements for sample prototypes are based on a men's size 9 foot. 2. UPPER: This is the name for the unit that makes up the top part of a shoe. Generally comprised of various materials and components such as leather, synthetics, meshes, foams, plastic welds, laces, components, hardware, etc. The upper is attached to a 'Strobel'. STROBEL: The way in which the upper unit is attached to a base material that is the exact shape of the 'last' bottom. This area will be cemented to the 'bottom' unit. 3: TOE CAP: The front of the shoe typically made from natural or synthetic leathers. Its main purpose is to protect the toes from abrasion. 4: VAMP: The area just above the toes which connect to the bottom of the throat. This area needs to be free of multiple seams or overlays due the high frequency of flexing. 5: EYESTAY: Portion of the shoe that is adjustable and allows for foot entry. Lacing and strap systems occurs along this area. The backside of this area must be reinforced due to extreme tension from lacing otherwise the lace may tear through. The area between lateral and medial eyestays is called the 'THROAT'. 6: TONGUE: Provides adequate padding and protection from lace pressure. Usually stitched down at the base of the 'throat'. 7: COLLAR: Depending on the height, collars can be functionally supportive and padded for comfort and protection against lateral movements. Some collars assist in the prevention of ankle injuries. 8: HEEL COUNTER: A molded plastic form found inside the upper sandwiched between the lining and outer materials. This form can be molded or diecut from sheet stock plastic. It follows the natural curvature of the heel and acts as a heel lock, which prevents the heel from slipping during use. 9: TOESPRING: Occurs in the area between the forefoot flex zone all the way to the toe. The amount of toe spring depends on the sport and function. Basketball shoes tend to have lower toe springs while running shoes are much higher. 10. ARCH: Located under the foot on the medial side midfoot area. Typically sculpted to remove un-necessary midsole weight. By removing material from this crucial area plastic components made from TPU must be added to strengthen and stabilize this area to prevent collapse.
11: MIDSOLE: Made mostly from EVA foams, this is the platform which the foot sits ontop. It must have adequate cushioning properties but provide support as well. The midsole sidewalls should wrap up 5.0mm to allow for bonding margin to the upper. Notice the design line just above the lower part of the last.
12. OUTSOLE: The portion of shoe that contacts the ground and provides traction. Rubber is the common material of choice. Although there are some compounds that combine foam and rubber, creating an outsole grade EVA. Nike 'Free' product uses this material. This material picks up dust and slips on parquet wood floors, so its not used on Basketball product! The Midsole and Outsoles make up the tooling unit. 13: FLEX ZONE: The major flex zone is found just in front of the metatarsal heads (bones). The standard formula for locating this area is 65% of the total length on the Lateral side and 75% of the total length on the Medial side. 14: FOREFOOT: The area located from the toe to the midfoot. The pivot point, flex zone and toe-off all make up this area. Extreme lateral sheering forces occur in this area of basketball shoes. The midsole forefoot height is around 12.0mm 15. PIVOT POINT: This term is used in most court sports where the athlete needs to change direction quickly, thus rotating the foot inward on a common point (the ball of the foot). This happens during a golf swing, tennis stroke, and basketball cutting moves. 16. INSTEP: This area is typically supported internally through the use of a molded sockliner or in some extreme situations a doctors prescribed orthodic. 17. HEEL: Landing zone during the running motion. The standard midsole heel height is around 24.0mm due to the extreme impact forces which occur during landing. |
PROPORÇÕES. Você pode ser um ótimo colorista ou pintor, mas se o desenhos não tiver proporções corretas ou próximas do real, não há photoshop ou efeito que dê jeito. Quando se trata de desenho de produtos, proporção é uma regra. Veja que interessante, no desenho abaixo a distância entre a ponta do tênis e a parte que começa o cadarço é aproximadamente 3 dedos. Peguei alguns tênis e conferi: é isso mesmo.
http://solecollector.com/Sneakers/News/Sneaker-Parts-and-Proportions/
Veja como a falta de proporção deixa irreal o que se deseja representar, este é um desenho sem qualquer preparação ou estudo do tema:
DETALHES. Além da proporção, os detalhes são muito importantes para dar mais veracidade ainda. Quando se esta desenvolvendo ideias, ou seja, quando se desenha para sim mesmo, os detalhes podem e devem, por um questão de tempo, serem omitidos. Os sketches abaixo são um bom exemplo. São thumbnails, desenhos pequenos e sem muitos detalhes. São ideias rápidas, mais voltadas para a forma, por isso não têm cadarço ou furos. Contudo, quando o desenho é uma peça de apresentação, os detalhes irão ajudar comunicar com mais exatidão e realidade, dizendo para seu interlocutor: "Isto é um tênis de basquete."
Notem que a falta de estudo e referências resultou em sketches de tênis com a curva das solas muita acentuadas.
Como descobrir os detalhes? Não sei ao certo, mas acho que um boa análise de modelos similares pode nos ajudar a identificar quais detalhes são importantes. O ideal seria ter várias imagens, rabiscá-las e fazer anotações do lado. Além disso, uma visita em alguma "magastore" de tênis seria ideal. Manusear e ver bem de perto os detalhes podem nos dar uma ideia mas clara sobre os materiais e a forma de montagem.
2. ANÁLISE
Esta análise foi mais de detalhes das formas. Se formos representar os materiais e texturas, devemos estender nossa pesquisa aos materiais e texturas também. Por ora é só. Na próxima publicação vamos abordar exercícios, estudo e mostrar alguns esboços comparados a outros feitos antes desse trabalho de pesquisa e análise. |
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